quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Rivera, Parte III

No Segundo Dia, foi a hora de explorar a cidade com calma, sempre escolhendo um rumo a partir da praça Internacional. E diante de uma variada exposiçao de material bélicos e uniformes do Exército Uruguayo, o encontro com outros Militares foi inevitável. Conheci o SD Tiago do 7 RC Mec... que me deu o restante das dicas da cidade... Bares e lugares para ir e evitar ele me mostra tudo, ... cerveja, tomamos uma cerveja em um point do lado brasileiro, combinamos algo para la noche... uma das coisas boas que você leva da vida militar, é que uma vez mebro da grande fraternidade das armas, você é sempre bem-vindo. Pois somente com um companheiro de vida militar, voce pode conversar coisas como derrubar ecualiptos com tiros de canhao e .50, explodir coisas, etc... tomar aquela bebidinha as escondidas nos exercícios de campo, dormir sob as luzes de um céus estrelado de verao, uma das coisas, aliás, que eu estaria indo buscar na cordilheira. Assim meus únicos 4 dias na fronteira ficaram preenchidos.



O Grande Prazer dos primeiros contatos com um de nossos melhores vizinhos, a chegada em plena exposiçao comemorativa aos 200 anos do Exército Nacional Urugayo, a fascinaçao de encontrar muitos produtos inexistentes no Brasil, a noite segura, alegre e amistosa como cidade pequena,  mas musial e  agitada como deveria ser uma cidade grande. A primeira parada começou bem.


COMO VISITAR UM PAÍS PLATINO

 No outro dia, ainda deveria fazer uma visita à Policia federal, para saber a respeito de cruzar a fronteira e circular por Montevideo. Mais uma grata surpresa, dizem para passar direto na Imigraçao em Rivera, como esperado, portando somente identidade... No outro dia, no lado Uruguaio eu pego minha permissao de entrada, descubro a Rodoviária com facilidade cambio moedas, e o primeiro grande passo mais importante, minha partida para Montevideo, fica marcada para Domingo.

Só tenho motivos para Ir em frente.



MAIS UM POUCO DA HISTÓRIA DA FRONTEIRA.


No século XVI Portugal e Espanha herdaram algumas tecnologias de Navegaçao, além de contratarem os melhores pilotos e criarem algumas próprias. Devido a sua posiçao geográfica no Extremo Ocidental da europa, sua única expansao natural seria para o Mar, motivo pelo qual se lançaram como potencias rivais e pioneiras na exploraçao do Atlantico.

Algo similar a corrida espacial entre USA e URSS no Século XX, pois, a esta época, o conhecimento do homem medieval e renascentista, ainda nao havia completado o Mapa Mundi.

A Expansao Colonial era entao, um misto de necessidade, coragem e aventura. Para assegurar certa estabilidade na Peninsula Ibérica, com relaçao as terras que se sabiam, estavam para ser descobertas, foram assinados alguns tratados, Traçando linhas imaginárias mais ou menos para oeste, conforme o interesse em disputa.

O Mais conhecido e duradouro desses tratados, foi o De Tordesilhas que tinha como ponto de partida o arquipélado de Cabo Verde. No entanto, quando houve a unificaçao das coroas Ibéricas devido a Crise Sucessória de 1580, a Espanha relaxou a vigilancia sobre as eventuais invasoes de Portugal para além da linha do Tratado. Além do mais, havia discrepância sobre qual seria a ilha do Arquipélago de Cabo Verde o real ponto de Partida da Linha, se a do extremo Leste, ou Oeste...

Tal argumento, deu a Portugal base para invadir e reivindicar terras para oeste da última cidade abarcada pelo limite de Tordesilhas, isto é, em Laguna, SC.

Entao, já deve ficar aqui bem claro um fato bem omitido por motivos politicos estes anos todos para educaçao e consciencia histórica de todo o Brasileiro, em especial, os gauchos: As Terras do Rio Grande do Sul e Oeste de Santa Catarina estiveram de fato, por força de ocupaçao clandestina, mas nunca por bem de direito incorporadas ao Brasil Colonial.

Assim, se uma pessoa procurar saber o nome da captania pertencente ao Rio Grande do Sul por exemplo, nessa época, ela nao existe.

Essa Ocupaçao se deu de maneira informal durante os longos 60 anos do período da unificaçao, e foi mais ou menos tolerada. Depois, prosseguiu sob disputas de ambos os Lados.



A IMPORTANCIA ESTRATÉGICA DA BANDA ORIENTAL

A Bacia do Prata possui inúmeros rios que irrigavam o histórico Império Espanhol na américa do Sul, tornado-os estradas Naturais para o escoamento de riquezas descobertas desde os Andes. Era sabida e notória a existencia de grandes quantidades de Ouro pelas naçoes do território Inca e de Pedras Preciosas nas terras a Oeste de Tordesilhas e Leste da Bacia, usurpadas pelas Bandeiras Portuguesas.

Assim, a embocadura do Prata era um local de extrema importancia a Ser controlado, em uma época que somente a navegaçao poderia transportar as riquezas dessas colonias. Tanto Portugal quanto Espanha, procuraram assegurar esse controle, através da criaçao de estabelecimentos permanentes... Assim, nasceram Buenos Aires, A Colonia do Sacramento, Rio Grande, e Mais Tarde, no Contexto das disputas locais, Montevideo e Porto Alegre.

Cappicci ? Tempo...


UMA BREVE RESENHA SOBRE A RIQUEZA DOS PAMPAS

Todas essas cidades citadas, vieram a florescer no que chamamos de Cultura Pampeana. Um modo comum de pensar, comer, vestir, dançar, escutar música, apreciar a vida, amalgamados por séculos de contato contínuo. O cerne dessa cultura, é constituido pelo Gaucho, A estância e a economia agropecuária, com grande enfase na criaçao de gado e cavalos.

O Clima e o solo da regiao é até hoje propício para esse tipo de exploraçao, como poucos no mundo, e gerou uma riqueza tao grande, ao ponto de muitos estancieiros da regiao poderem viver da exportaçao do apenas do couro, jogando todo o resto, carne, ossos, gordura, tudo fora. O Rio Grande, prosperou com a exportaçao da sua produçao de carne para alimentaçao dos escravos do Centro-Sul da Colonia, e mais Tarde Reino Unido e Império. Uruguay e Argetina, Possuindo portos de extrema importancia, tornaram suas capitais verdadeiros bastioes na Foz do Prata.

Entao, como podemos ver, embora o centro da vida politica da América Portuguesa fossem as regioes Nordeste e Central, a Banda Oriental do Prata era um lugar de instabilidade militar e de extrema importancia economica. Uma Zona de Conflito, que ajudou a moldar a personalidade e os valores de seus habitantes.


A "PROVINCIA CISPLATINA"

 No Início do Seculo XIX, Napoleao Invade a Espanha e Portugal, fazendo que a família real deserte para a colonia, mas para garantir o direito de figurar na Aliança de Reinos Europeus, D. Joao VI eleva a Colonia a Status de Reino Unido a Portugal. As terras do Império Espanhol, passam ao controle Francês, chegando a Cidade de Buenos Aires, a Receber prefeitos Franceses, como Liniers. 

Instigado pela Rainha Dna. Carlota Joaquina, D. Joao VI invade a Banda Oriental e o Amapá. Com o fim das Guerras Napoleonicas, os Territórios do Amapá sao devolvidos a França, mas a Banda Oriental Permanece incorporada ao Reino Unido do Brasil e Portugal sob o nome de "Província Cisplatina".

Isso Somada a mais ou menos recente incorporaçao do território das Missoes Orientais (Regiao das Missoes Rio Grandenses), aumentou o controle Português na Banda Oriental, que era, em termos de Navegaçao o ponto mais vantajoso e facilmente sustentável para manter o controle do fluxo de riquezas pela bacia do Prata, para além do controle óbvio do comércio com as já estabelecidas cidades de Montevideo, Rio Grande e Colonia ( Nota: Rio Grande, tinha na época uma prosperidade bem maior que agora).

Entao, desde 1816 a 1827, o Mapa do Brasil terminava ao Sul em Montevideo. Com a Independencia Argentina, movimentos nacionalistas Uruguayos começaram a ser fomentados por Buenos Aires com o Intuito de Icorporalos as Pronvincias Unidas do Prata.

Homens como Artigas e Lavalleja, levaram a cabo a Independencia da Banda Oriental, contra o Interesse Argentino, e com coaçao sobre o já Império Independente do Brasil, que reconheceu, sob os auspícios da Inglaterra (que tinha interesses em estabilizar a regiao), a República Oriental do Uruguay em 1828.

Um grande destino para Os Uruguayos, que hoje desfrutam dos benefícios do seu trabalho e auto-determinaçao. Azar para a Coroa de D. Pedro I, que se viu de tal forma abalado pela perda dessa guerra, que nao seria mais capaz de se sustentar no poder por mais de 3 anos. O conflito custou ao Jovem Império dívidas, pretigio, influencia e territorio.

Sete anos mais tarde, o Movimento Independentista do Rio Grande do Sul nao lograria a mesma sorte, tendo que, após 10 anos de assédio, assinar sua reanexaçao ao Império do Brasil.

Nota: Na Historiografia dos Países Platinos, os eventos que levaram à Independencia Uruguaya sao chamados "Guerra Del Brasil".

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